Ah, poeta!

Ah, poeta,
desenhista do lirismo,
observador das minúcias da alma,
detalhista de tudo que o cerca,
arquiteto de pormenores,
do que avista pelos arredores,
psicanalista que descreve a vida
e revela o além,
a sobrevida
e nada ou ninguém o detém.
Quando morre,
nunca morre de fato
e, em um impacto,
renasce na flor,
ressurge na alegria
ou na dor,
rebrilha no brilho da estrela
que se apaga,
conduz o frágil timoneiro
em sua barca parca,
pincela de cores espaços escuros,
amores falidos,
ocupando vazios
e intervalos obscuros.
Reacende a esperança que,
embora morta,
recomeça a verdejar
por entre estrofes
onde versos são reversos
das decepções
e hostilidades,
das injustiças
e desigualdades,
humanizados docemente em poesia,
na magia de transformar
espinho em fantasia,
na busca incansável
de amenizar a agonia.
O poeta é imortal.
Da alquimia,
a pedra filosofal
conquistada pelo sonho
que traduz
o mais recôndito interior
de sua alma.
Não, o poeta não morre.
Segue a sua luz.
Eterniza-se!
Eterniza-se em palavras!