Talvez!

Talvez
o tempo reverta
a pálida esperança
em crescente certeza
e me traga a surpresa
de um bem inesperado
que nem sempre se alcança,
ou o amanhã retroceda
ao ontem ininterrupto
e o estenda ao futuro.
Caminho escuro.
E tudo fica na mesma.
História que tento mudar,
rima que não quer mais rimar,
poema que já não se faz notar:
enfatizado,
mastigado,
engasgado.
Talvez
o hoje vivido
tenha valido
uma eternidade
e meu eu distraído
não tenha medido
tamanha felicidade
nem notado as manhãs
de belezas louçãs,
momentos desprezados
na espera do amanhã
que talvez nunca venha
ou se faz de rogado.
Talvez
esses versos piegas
sejam fiéis mensageiros
de tempo verdadeiro,
de mensagens sinceras
e carreguem bagagens
de sonhos,
miragens,
gerúndio se estendendo
em todos os tempos
trazendo-me a chance
de continuar sendo
mesmo em um tempo já ido
sem nunca ter sido.