Sem rumo!

Não sei se prossigo ou fico,
o que me espera
em outra esfera,
não sei explicar o que sinto,
o que quero
e espero.
O espaço aqui se estreita,
não capta o que meu coração revela.
Se algum sentimento me resta
ou alguma palavra se presta
a me servir de lenitivo,
ensina-me outro rumo
sem o amargor do absinto.
Meu pensamento se esparge
sem ter mais onde ancorar:
na primeira muralha
bate como barco sem rumo,
perdido,
que só quer voltar.
Giro com o mundo veloz
na vagareza de meus passos
e meu descompasso,
cruel algoz,
aponta a todo instante
o que não faço
sob as cores de um sol radiante
gerando matizes em um campo brilhante
que minh’alma ultrapassa
e não vê;
a mesma que minha sensibilidade
não mais alcança,
mas almeja.