O poeta voltará!

O poeta foi ali,
lá,
acolá,
não sei onde.
Sei que voltará.
Foi buscar fragilidade
em solos lavrados
de fraternidade.
Foi ainda mais além,
acender o farol do mundo,
iluminar o breu profundo
que aqui se estabeleceu.
Foi buscar a estrela de Belém,
os sinos repicando o bem,
a neve para branquear o chão
e tornar o natal tão lindo,
ainda que mera ilusão.
Foi regar a primavera,
colher a flor mais bela
a exalar emoção.
Em tardes outonais,
roubar o dourado das folhas,
a nostalgia encantada do tempo
para o desengano do agora
que não se encanta mais.
Foi pedir paz onde há guerra
tão fria que a alma aterra
e congela sentimentos.
Foi estancar o inverno,
fechar o portal do inferno
de onde os demônios
disseminam o mal.
O poeta foi ali,
lá,
acolá,
não sei onde.
Só sei que voltará.