Percepções!

Quando dei por mim
o mundo havia mudado.
Parei,
embora o tempo não houvesse parado.
As pessoas já não eram as mesmas.
Afeições,
aflições,
feições,
expressões.
Estranhei.
Procurei olhar bem por dentro,
talvez algum indício em cada uma,
um sinal que preenchesse essa lacuna
ou me guiasse onde as pudesse achar.
Ou me achar.
Divaguei.
Fiz da ilusão passaporte para o indefinido.
Por onde andei esse tempo todo?
Criei com minhas mãos terrível engodo.
Nele mergulhei.
Fuga insensata de querer permanecer,
viver a utopia da poesia que criei
onde o mundo era exatamente o que sonhei.
Vi-me só ante a multidão que desconhecia,
a mesma da qual me dispersei e pertencia
e agora se afasta sem sequer me entender.
Despertei.
Perdi a contagem dos dias,
dos meses,
dos anos,
das madrugadas varadas em desenganos,
das manhãs em que nem via o sol nascer
mas o descrevia como quem sempre o vê,
sentindo seu calor e luminosidade,
brilho ilusório de felicidade.
Impossível voltar atrás no tempo,
dizer às pessoas o que não foi dito,
que me perdi no que foi escrito
e foi escrito tudo o que senti,
o que vivi
e onde renasci.