Um ré maior!

Re (comece):
toda dia amanhece
mesmo que você não queira
ou ainda que você se feche,
a manhã sempre aparece.
Re (verta)
em sabores, os dissabores,
das rochas também nascem flores,
dos espinhos, a evolução.
Re (ligue)
o ato de religar
gera religião,
comunhão,
transcende,
acalma,
comunga seu corpo com a alma.
Re (encontre)
valores verdadeiros,
hoje, forasteiros,
amanhã, herdeiros
a perpetuar sua história.
Re (viva)
momentos inesquecíveis,
retratos da ausência,
partículas de essência,
breves,
infalíveis realezas,
sopro de brisa
afugentando a tristeza.
Re (nove)
a vida,
o modo de agir,
(re)agir
Mudança (re)quer sacrifício
e, por mais que seja difícil,
contribui para crescer.
Re (construa)
“setenta vezes sete”
os muros desmoronados,
ruínas de castelos
que esmorecem
onde sonhos
entre escombros permanecem.
Re (produza)
a frase que se perdeu,
o texto que deixou rastro,
palavras sem significados,
o poema que não escreveu.
Re (veja)
tudo que pode ser costurado,
customizado
e transformado.
Planos a serem (re) formulados,
passos que possam ser acertados.
Re (considere) o que vale a pena.
Re (vele) o que o âmago impele.
Re (dobre) a paixão pela vida.
Re (inaugure) aquela estação esquecida.
Re (nasça) todo dia:
na fala do dia,
no improviso das horas,
nas cicatrizes do corpo.