Tudo passará!

Tudo passará!
O ontem foi triste:
Lembranças,
devaneios,
andanças,
lugares que já não existem.
Datas cravadas,
punhais,
sonhos desfeitos,
ais
não se apagam,
cravam demais.
Rogo ao tempo,
ao relento
carregar o que foi ruim,
o que marcou em mim,
trazendo boas novas
de um recomeçar
não tão triste assim.
Ainda sonho,
às vezes:
nada é como antes.
Atenuantes
que não viram fatos.
(Semi)empolgações
de desacatos
que temperavam
o que vinha a ser
de fato,
consumado,
sacramentado.
O sol ainda brilha.
Brilho tosco,
fosco,
titubeante,
cúmplice
de meus versos irrelevantes
a entristecer,
sem querer,
quem os lê,
à espera,
talvez,
de uma mudança
ou de frases de efeito
a se contrapor
com o cenário imposto
sem ter sido eleito.
Por enquanto,
ficará como está:
não há como forçar
o sentimento
e transformar o lamento
em um cântico
de alegria e paz.
Mas sei:
tudo passará.