Rupturas!

De repente, a expulsão.
Rompe-se o cordão,
o calor daquele abrigo.
A união umbilical
rompida pela contração.
O frio,
o desconforto,
o susto que faz chorar,
o ter que encarar
a separação.
O mundo.
De repente,
cerra-se a cortina,
muda-se o cenário,
embaçam-se as luzes,
tremula a ribalta
de um palco improvisado:
perguntas impertinentes,
respostas não condizentes,
personagens alternadas,
história remexida,
show irreverente.
A vida.
E as rupturas se vinculam.
Começo de caminhada,
o papel,
as linhas tortas,
o branco sendo tingido,
o sentido das palavras,
o destino a se cumprir,
o tempo a exigir.
O tempo.
Fase da colheita.
Colher o que se plantou.
O cultivado, permanece.
O resto, esmorece.
Bem que se pudesse
o tempo pararia.
Uma nova chance.
Começar o novo.
Não, de novo.
Carpe Diem.
Vem o cansaço,
o descompasso,
o desejo de parar
e a vontade de chorar
as partidas,
despedidas,
amigos,
entes queridos,
sonhos não vividos
truncados pelos caminhos.
A realidade.
Saudade.
Às vezes,
a felicidade.
Momentânea,
raridade.
De soslaio ela invade
e se vai sem alarde.
Reta de chegada.
Fim da caminhada.
Início de outra jornada?
Atrela-se a ruptura.
A última,
derradeira:
ou seria a primeira?
Maktub.