Quase!

Quase me deixei levar
sem ponderar o certo ou o errado,
mas o destino tinha o não tramado
e entre o certo ou errado
o nada aconteceu.
Quase gritei meu sentimento
no ápice das emoções incontroláveis,
mas fiz falar o meu silêncio.
Retrocedi ao arrebatamento.
Quase consumei cada momento
a crescer na volúpia do voraz desejo,
no ensejo de mostrar o meu avesso,
mas tropecei na incontida urgência
de me despir em fatos e argumentos.
Quase me opus ao tempo
pedindo-lhe um contratempo,
um flashback,
um alento.
Voltar à flor do passado
colocada sobre teu teclado
em um gesto de ternura,
impensado.
E olhaste o meu olhar desviado,
calado,
querendo falar alto.
E me perdi no quase,
sem jamais me ter achado.