Espera!

A poesia espera
a flor nascer no jardim,
o beija-flor voltear
a rosa vestindo carmim,
em um beijo doce selar
o amor que não tem fim.
A poesia espera
o beijo frio da estrela,
o último por do sol,
a próxima lua cheia,
o eclipse total,
a aurora boreal,
e toda a beleza celeste.
A poesia espera
a distância encurtar,
o encontro acontecer,
a aproximação vincular
almas que se buscam,
se amam,
se ofuscam,
andarilhas na multidão
sem ter onde ancorar.
A poesia espera
o momento lento,
o silêncio bento
de palavras caladas
e incalculáveis significados,
instantes eternizados,
sentimentos tantos,
santos,
raridades,
verdades.
A poesia espera
o rio transbordar,
enfim, e alagar toda tristeza
curando desastrosa crueza
a afluir em um mar sem fim.
A poesia espera
o arrojo do arrependimento,
a delicadeza do perdão,
o ápice do arrebatamento
enquanto o poeta dá vazão
a um turbilhão de sentimentos.