Caminhos!

Piso caminhos intransitáveis,
em chãos impalpáveis
entre paisagens jamais tocadas
ou maculadas pela vil exploração,
domínio de reles conquistas,
vítimas de cruel exacerbação.
Onde ninguém se atreveu
sem pesar o que perdeu,
ou se perdeu.
Abraço o desafio da entrega,
desbravo a terra,
saúdo o alvorecer,
bendigo as flores,
os amores,
o entardecer,
os espinhos a sangrar lições.
Sigo a canção nascida do acaso,
a luz que clareia,
da imaginação.
O que minh’alma carrega
é o que rega o estio que aterra,
oração para que a chuva ague
o mar ressequido da aflição,
e as viravoltas de girassóis dourados,
nos canteiros e jardins de adoração.
Quero mais lágrimas nos olhos,
chorar o estio até a sede acabar.
Percorro estradas de folhas desabadas
e outras verde-limão,
pedras amontoadas,
tapetes de algodão,
belezas a se perder com toda a razão de ser.
Levo a vontade de ir,
sem partir,
sem adeus
ou despedida,
do jeito que o sonho pedir.