A poesia virá!

E a poesia virá
nascida de todo lugar:
livre,
plena,
pura,
apesar do breu da noite
que traça mistérios no ar
ocultando a lua insinuante que,
através de uma nuvem entreaberta,
revela um brilho de sedução,
provocando um fascínio ofegante
que prontamente despertará.
E a poesia virá,
quando ao abrir os olhos
vir a noite virar dia
colhendo toda a alegria
da manhã que sugere renascer
encobrindo a nostalgia
de um sol que se faz poente
e languidamente
desmaia no horizonte
após a tarde,
a despedida,
e calmamente se vai.
E a poesia virá
quando a esperança ficar.
Ainda que a dor atormente,
o mundo tornar-se descrente,
o sofrimento teimar em arder
queimando o cerne da gente,
a alma só ganhos terá
lapidada pelo ourives do tempo
trazendo a certeza de que passará.
E a poesia virá,
simplesmente,
sem palavras,
brandamente,
com o silêncio que se fará,
traduzido pelo encantamento
dos versos que o poeta interpretar,
enlevado pela emoção
de quem fala sem falar.