O Poeta Chora!

E o poeta chorou!
Chorou pelo que podia ser
e não foi.
Por tudo que cultivou
e não deu.
Pela flor que poetizou
e morreu.
Chorou pela insensatez,
pela aridez que se assolou,
pela pequenez que se inflou,
combalido mais uma vez
por ter perdido o sentido
de tudo aquilo que fez.
Pela esperança equilibrista,
pelo fim do show do artista,
pela crueza fria que se estabeleceu,
pela paz que o mundo,
um dia,
creu.
Chorou convulsivamente
de uma só vez,
como uma criança
que, sem nada entender,
precisa, de repente, crescer,
castigada pelo que não fez,
esquecendo-se da bala que a amargou,
para encarar o mundo mau que hoje se instalou.
E o poeta chora!
Fora vencido nessa hora.
Chora por mim,
por você,
pelo que sonhou.
As lágrimas são palavras
que não quer dizer
agora.